Do Sol Interno à Celebração: o espetáculo de Liniker na CAJU Tour
Três noites no Vivo Rio esgotadas em questão de minutos, uma disputa acirrada por ingressos entre milhares e milhares de pessoas nas filas virtuais marcaram o anúncio das datas da CAJU Tour na cidade maravilhosa.
Casa lotada, presença de nomes renomados da música brasileira, bonés laranjas pela multidão, copos com o nome mais esperado e um coro altíssimo de um público que não poupou energia do início ao fim marcaram a estreia desses shows.
Com cerca de 20 minutos de atraso, uma imagem se acende nas cortinas. Uma contagem regressiva de 10 minutos aparece acompanhada pela voz de Liniker e se apaga logo em seguida.
Às 21h36 o ato ‘O Sol Interno’ se inicia com a faixa que dá título ao álbum e à turnê: CAJU. A silhueta de Linikeraparece por trás da cortina e, mesmo com o sol alto da casa, por pouco não se ouve a voz dela enquanto o público se envolve na performance.
Envolvimento talvez seja uma palavra chave pra definir o sentimento inicial desse show, que se prolonga até o final se juntando à várias outras emoções.
No segundo ato, ‘O Alter Ego’, temos um momento marcante: uma homenagem à Djavan, que estava presente naquela noite, sentado ao lado de IZA no camarote. Liniker canta Aquele Um e, visivelmente emocionada, destaca a importância de dividir aquele instante com um dos maiores nomes da música brasileira.
O verdadeiro espetáculo segue. O terceiro ato, nomeado de ‘O Retrogosto’, começa com 4 mil lanternas de celulares se acendendo em Sem Nome Mas Com Endereço. A sequência de Psiu, Baby 95 — que vai da calmaria ao ritmo mais gostoso e animado — e Caeu fazem o trabalho perfeito em tirar todo mundo do chão e levantar ainda mais a energia que já estava no ar.
Faz uma clara falta na setlist a música Zero, retirada do repertório naquela noite. Enquanto percebemos a saída de Lili do palco, os burburinhos de dúvidas “não vai ter Zero?” surgem ao mesmo tempo em volta de mim.
Visuais são projetados no grande telão de LED que se integra perfeitamente ao palco, deixando a experiência ainda mais especial. A narração da última faixa de CAJU começa e de ponto em ponto certas vozes seguem narrando junto, aumentando o volume no tom de brincadeira quando Liniker diz “me lembro daquela cena do meu filme preferido, Kill Bill”. É um momento fofo que me faz reanalisar o conforto, envolvimento e diversão de todo mundo que tá ali naquela noite de sábado.
Com um vestido brilhante, a cantora chega pro último ato com um nome que entrega o que tem por vir: Celebração. Nesse momento começa uma festa e, apesar de saber que o show tá chegando ao fim, a sensação é de que tudo passou muito rápido. A vontade que sinto é de reassistir aquilo que ainda nem acabou.
O cover de Earth, Wind & Fire dá um toque glamuroso enquanto uma luz branca mira o caju de espelho pendurado no teto da casa de show, iluminando todo o local. A animação na fervorosa — fervorosa literalmente [risos] — Febre, seguida de Pote de Ouro e So Special concluem a celebração da melhor maneira. É impossível ficar parado, mesmo com tão pouco espaço pra se mexer.
Após agradecer muito ao público, com os olhos brilhando mais uma vez e segurando a emoção, Liniker se despede, mas não é aí que a festa se encerra.
CAJU (Trop Version) começa a tocar enquanto as luzes se acendem aos poucos e é como se ali se criasse uma after de uma música. Se a vontade era de adiantar a saída do local, podia ir esquecendo. Todo mundo dançava como uma grande festa, indo até o chão.
Liniker tem presença de palco natural e magnética, uma banda que segue seu talento e backing vocals com vocais extraordinários que formam o show perfeito. A cantora segue conquistando o país inteiro nessa nova era e isso não é nada além do fruto do seu esforço e dedicação à sua arte, que segue crescendo e se tornando cada vez mais impecável. É fruto do seu talento e é fruta também. É CAJU.
É preciso ser o retrogosto da boca e ser eterno em alguma memória. Seu nome não é Caju à toa.
Confira a galeria de fotos:
Fotos: Carol Marins