Entrevista

Entrevista: Adi Oasis fala sobre relação com o Brasil, amor por Liniker e Luedji Luna e experiências após ser mãe

No último ano, a cantora franco-caribenha Adi Oasis lançou seu mais novo álbum, intitulado Lotus Glow e marcado como seu trabalho mais pessoal e político até hoje. “Tematicamente, meu novo álbum é destemido, mas vulnerável, e também mais político, porque sou uma imigrante negra e essas são minhas verdades”, diz Adi.

Antes mesmo de se tornar um fenômeno da música Soul-Funk-R&B, a artista já era conhecida pelo público por participar das bandas de Lenny Kravitz, Massego e CeeLo Green – até mesmo acompanhando o cantor numa apresentação histórica no Rock In Rio anteriormente. 

Em abril deste ano, Adi Oasis retornou ao Brasil para 2 shows incríveis em São Paulo e no Rio de Janeiro – como parte do festival Queremos! – e conversou um pouco com a We In The Crowd sobre essa visita inesquecível, sua nova parceria com Luedji Luna e suas novas experiências e rotinas sendo uma mãe de primeira viagem na música. Confira:

Você esteve no Brasil em abril para shows em São Paulo e no Rio de Janeiro e todos se apaixonaram completamente por você. Como foram essas apresentações?

Foi fantástico. Eu me apaixonei pela multidão também, então foi um sentimento mútuo.

Você já visitou o Brasil com CeeLo antes, certo? Como artista, você sentiu alguma diferença entre essas visitas, principalmente no que diz respeito à autoconfiança e ao próprio público?

Sim, porque eu estava tocando as minhas próprias músicas. Sobre a questão da confiança, eu penso que devo ser confiante não importa a situação.

Ainda sobre o tema público, você mencionou algumas vezes que sente uma ligação muito forte com o Brasil e com os brasileiros. Quando você se tornou artista, você já pensou na possibilidade de receber um amor tão forte do nosso país? Você pode nos contar um pouco sobre isso e como é?

Eu nunca havia pensado nisso, foi uma completa surpresa. Quando você escreve música, muitas vezes não pensa nas pessoas que ela vai alcançar e, particularmente, eu acho que minha música ficou melhor depois que eu parei de pensar no que as pessoas vão pensar dela. Foi uma lição que eu aprendi. Quanto mais pessoal, mais as pessoas vão se conectar. Mas foi uma surpresa quando eu descobri a reação do público brasileiro e eu comecei a notar isso com as minhas redes sociais. Mas, quando eu fui me apresentar aí, parecia fazer sentido, sabe? Eu e o público pareciamos nos entender muito. Eu sou caribenha, a cultura é similar, eu me sinto em casa aí.

Durante suas visitas ao Brasil, também notamos que seu português é muito bom! Você já estudou o idioma? E você se lembra de alguma frase ou palavra memorável, talvez?

Não, mas agora eu quero e vou ter que aprender. Francês é minha primeira língua, e eu também falo espanhol e um pouco de italiano. Então eu fiquei pensando “nossa, eu entendo tudo (que os brasileiros falam)”. Eu até fiz uma entrevista onde me perguntavam as questões em português e eu respondia em inglês. Mas espero que um dia eu consiga responder em português também. Estou apaixonada pelo idioma.

E você está trabalhando no álbum “Lotus Glow” desde o ano passado, certo? Você pode nos contar um pouco sobre esse projeto e como ele foi criado?

Esse álbum veio em um tempo em que eu achei que tinha todas as peças do quebra-cabeças resolvidas musicalmente. Eu achei meu próprio som, criei minha própria identidade e mudei meu nome pra Adi Oasis. Então, pensei que tinha me desenvolvido como artista até um ponto em que eu me sinto confiante em ser quem eu sou. Era hora de contar minha história. Esse álbum é uma introdução sobre mim. Fala sobre uma garota negra que cresceu em Paris e virou uma imigrante nos Estados Unidos, incluindo seus medos e seus sonhos.

A música “Multiply” também ganhou um remix com a artista brasileira Luedji Luna. Vocês são amigas? Como decidiram colaborar neste projeto?

Nós éramos fãs uma da outra antes da música e quando eu convidei ela para essa colaboração recebi um sim logo de cara. Achei que ela era perfeita pra música porque nós temos uma mensagem e uma história semelhantes. Sinto que ela é uma versão brasileira de mim. Ela é uma mãe, ela é muito aberta com sua feminilidade, poderosa. E eu apenas a conheci depois que a música foi lançada, quando eu estava em São Paulo. Mas quando nos conhecemos, viramos irmãs instantaneamente. Funcionou porque nos demos tão bem.

Na versão deluxe de “Lotus Glow”, você nos surpreendeu com colaborações incríveis. Pensando no futuro, há algum artista com quem você ainda sonha em colaborar?

Muitos. No Brasil, eu amaria fazer uma parceria com a Liniker, eu amo ela. Luedji Luna, mas eu já consegui realizar esse sonho. Gostaria de fazer muitas coisas no Brasil, passar um tempo aí, aprender com alguns baixistas também. Outra coisa que eu tenho vontade é de fazer mais projetos em francês, colaborar com artistas franceses.

Outra ótima notícia é que você agora tem um bebê adorável, parabéns! Em uma de suas últimas postagens no Instagram, você falou sobre os prós e os contras de ser uma “mãe em turnê”, destacando um tema muito importante mas pouco discutido: a rotina das recém-mães que são performers. Como tem sido essa fase para você até agora?

Estou tão feliz por você estar perguntando isso. Percebi que não vemos muitos exemplos disso. Com artistas em geral, nós ouvimos muito falar sobre super estrelas milionárias – tipo, a Beyoncé faz turnê e tem 3 filhos sim, mas ela provavelmente tem um jatinho privado e 10 babás e eu não tenho nenhuma dessas coisas. Então, eu acho importante que as pessoas enxerguem artistas do meu tamanho também. 

Eu vivo só da minha música e eu sou sortuda de ser “bem-sucedida” desta maneira, mas ainda é um desafio enorme quando falamos de finanças e de logística, trazer uma criança para uma turnê. É possível, eu também sou sortuda por ter um marido e uma família que me apoia, mas é estressante e cansativo. 

Nos Estados Unidos, não há nenhum tipo de apoio financeiro para isso, uma união para os músicos. Nós deveríamos ter uma estrutura para apoiar pais que são músicos. Eu tive que me apresentar quando eu estava grávida de 8 meses porque era o único jeito de eu pagar as minhas contas. Após isso, eu voltei aos palcos muito cedo – sim, porque eu amo – mas eu também preciso disso para me sustentar. E eu vivo bem, sabe? Mas não sei como seria se fosse mais complicado para mim. Então acho que deveríamos ter esse apoio. É um trabalho, então porque eu não sou respeitada como alguém que trabalha em um escritório?

Agora, fazendo um grande throwback. Você nasceu em Paris e se mudou para Nova York, certo? Como foi essa mudança e o que te levou a tomar essa decisão?

Eu vim para cá pela música. Minha primeira motivação foi procurar minha identidade, sabe? Eu era uma artista com potencial, mas eu precisava me tornar um produto final talentoso. Também tive muita inspiração do Soul, R&B e o Funk dos Estados Unidos, então pensei em ir direto na fonte para aprender.

Se você pudesse voltar ao tempo em que estava começando como artista e dizer algo à antiga Adi Oasis, o que você diria?

Eu provavelmente diria para não esperar pela aprovação ou apoio dos outros para fazer minhas coisas.

Muito obrigado pelo seu tempo, foi incrível conversar com você. Por fim, você pode mandar uma mensagem para seus fãs brasileiros que já estão contando os dias para o seu retorno ao Brasil?

Não vejo a hora de ver vocês de novo! Eu vou voltar o mais rápido possível então, por favor, venham nos meus shows para eu continuar voltando sempre.

O álbum “Lotus Glow (Deluxe)” de Adi Oasis está disponível em todas as plataformas digitais.

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