Mais do que conduzir um público, quando um artista consegue criar uma conexão genuína e significativa com quem o assiste, a experiência se torna tão envolvente quanto prazerosa.
Foi notável o crescimento de Dua Lipa como performer desde sua última turnê — do seu aclamado Future Nostalgia — para o atual Radical Optimism. Sua postura, entrega e energia estão incrivelmente melhores. A cantora parece mais leve no palco, confiante de seus passos e de como se comunicar com o público.

Essa conexão se dá desde o momento em que ela entra no palco até as diversas passagens pela grade onde cria memórias únicas para os seus fãs. A decisão de escolher uma música local em cada cidade que passa é mais um toque especial e pessoal.
Após convidar Carlinhos Brown e Caetano Veloso em São Paulo, Dua escolheu “Mas Que Nada” para cantar no Rio de Janeiro e comentou sobre a importância de Sérgio Mendes para a música.
Seu recente diploma em espanhol pode até ter a ajudado, mas o esforço para aprender as palavras em português não passou despercebido por ninguém. Com um discurso expressivo e uma pronúncia impecável, a cantora fascinou o público e mostrou o porquê de ser uma artista tão amada além da sua arte.
Durante o espetáculo, existem quatro pausas para troca de figurino, mas, mesmo quando as luzes se apagam, mal dá para sentir o intervalo, processando tudo que vimos. Se existe alguma brecha para sentir falta de Dua no palco, ela faz questão de reaparecer antes que isso aconteça.
Cabe elogiar que Lipa trouxe sua estrutura completa à América do Sul. Ver uma turnê manter sua grandiosidade ao chegar no Brasil é gratificante.
O palco faz referência às ondas do mar e ao seu movimento constante, adotando um formato em infinito que abraça a banda dos dois lados. Visuais de elementos da natureza reforçam a atmosfera da era Radical Optimism, trazendo a sensação de energia renovada e a profundidade do álbum ao longo do show.
Se Dua queria capturar juventude, liberdade e diversão, como disse sobre o conceito desse álbum, ela definitivamente conseguiu trazer tudo isso ao palco.
No palco secundário, a plataforma se eleva e quase como se estivéssemos assistindo a uma figura divina. O encanto só é quebrado brevemente quando o público brasileiro entra na brincadeira de Anything for Love, vinda de um vídeo de uma listening party do Radical Optimism que virou meme nas redes sociais.
Mas nem só de Radical Optimism se faz esse show. Dua Lipa revisita momentos históricos na sua carreira com uma performance emocionante de Be The One, a qual ela disse que nunca parará de cantar, além dos inúmeros hits do Future Nostalgia.
Physical, por exemplo, é o ponto alto da noite. Durante a ponte da música o público vai à loucura. Em New Rules, um grande marco e maior pontapé do seu sucesso, cria-se uma rave.
A Radical Optimism Tour é, de todas, a sua melhor turnê.
Renovada e mais confiante do que nunca, Dua Lipa deixa seu talento falar mais alto e isso faz dela uma força imbatível no pop.




