No último domingo (02), São Paulo recebeu o Weezer em um show especial pela curadoria Índigo, da 30e. O palco montado no Parque Ibirapuera combinou bem com a proposta: um evento ao ar livre, clima leve e aquele estilo “quase festival” que o espaço já conhece tão bem. Mesmo com a garoa que caía desde cedo, nada tirou a animação de quem chegou para ver a banda.
O Ibirapuera é um espaço já familiar e aqui funcionou bem. Os telões tinham boa visibilidade de praticamente todos os pontos, embora o palco pudesse ser um pouco mais alto. Em alguns momentos, quem ficou mais lateral (ou atrás dos diversos homens de 1,90m) sentiu mais essa questão. Mas, no geral, o acesso estava tranquilo, com poucas áreas de lama e bastante variedade de comida.
Antes do Weezer subir ao palco, o público assistiu a uma sequência de shows que deram uma atmosfera de festival. Passaram por ali Otoboke Beaver, Judeline, Mogwai e Bloc Party, com DJs intercalando os intervalos. A programação tinha personalidade e ritmo, fazendo o tempo passar sem ninguém perceber.
Otoboke Beaver foi uma das grandes surpresas do dia. A banda japonesa de punk rock abriu as apresentações com uma energia avassaladora. Mesmo com a chuva fina, a plateia foi sendo tomada aos poucos pelo som pesado, direto e extremamente divertido delas. Era impossível não ficar hipnotizado olhando aquelas quatro mulheres no palco. Sinceramente, mereciam voltar ao Brasil com destaque maior em futuros festivais.
Já Judeline fez um movimento diferente. A cantora espanhola trouxe para o palco uma estética mais pop e sensual, com direito a dançarino e muitas declarações sobre seu carinho pelo Brasil. Ela falou sobre seu amor por Gal Costa e Caetano Veloso, e ainda chamou MC Morena para cantar “Tú et Moi”. O show foi bonito e bem executado, mas acabou dividindo opiniões por não se encaixar tão bem na proposta do dia.
Quando o sol começou a se pôr, Mogwai assumiu o palco e transformou tudo em uma experiência quase cinematográfica. Com uma apresentação instrumental e calma, a banda entregou um momento único (que ficou ainda mais impactante com uma bandeira da Palestina posicionada no palco). Foi daqueles shows que fazem você respirar fundo e só sentir.
E então veio Bloc Party. Sem exagero: provavelmente um dos melhores shows que muitas pessoas ali já viram, incluindo eu mesma. A energia estava lá em cima, público cantando e banda extremamente afiada. Foi a prova definitiva de que o indie raiz ainda vive intensamente no Brasil. Dizem que quem sabe, faz ao vivo e eles realmente fizeram.
Porém, a partir de Bloc Party, tivemos um problema perceptivel em todo festival: o som. Antes funcionando perfeitamente, o volume se tornou significantemente mais baixo a partir da apresentação dos atos principais do evento.
E não foi impressão, dava para ouvir reclamações em todo canto do parque. Muita gente chegou a gritar “aumenta” para a produção. Durante a apresentação do Weezer isso melhorou, mas de fato foi algo que de fato mexeu com a experiência do público presente.
Quando o Weezer finalmente entrou, o clima virou. A banda fez uma apresentação de quase uma hora e meia estruturada em hits, sem enrolação, sem rodeios. Era como se cada música ativasse uma memória diferente do público, que pulava e cantava no auge da empolgação.
Clássicos como “Buddy Holly”, “Say It Ain’t So” e “Hash Pipe” foram recebidos com uma euforia impressionante. Era bonito ver como fãs de diferentes idades se conectavam do mesmo jeito com as faixas, mostrando como a banda realmente abrange diferentes públicos.
No fim, o show deixou o sentimento forte de que o Weezer tem uma base sólida no Brasil e ela está mais viva do que nunca. Mesmo com os ajustes que poderiam ter sido feitos no som, a energia e a entrega do público fizeram da noite algo especial.
Foi nostálgico, marcante e cheio de carinho. E se a chuva tentou atrapalhar, ela não conseguiu nem por um segundo.
Imagem: Sand





