Depois do lançamento do 5SOS5 em 2022, a 5 Seconds of Summer não ficou parada. Eles rodaram o mundo com a turnê The 5SOS Show, que passou por São Paulo e Rio de Janeiro em 2023, reunindo fãs do mundo todo em uma comemoração com a banda. Nesse meio-tempo, os quatro integrantes mergulharam em seus projetos solos, explorando estilos, referências e maneiras diferentes de criar. O baixista Calum Hood comentou que essa fase individual ajudou cada um a crescer artisticamente e que, no fim, isso deixou a entrega da banda ainda mais forte.
Luke Hemmings, que já tinha lançado um álbum solo, voltou com o EP BOY. Ashton Irwin apresentou Blood on the Drums, um trabalho que aprofunda ainda mais suas influências mais pesadas. Calum Hood lançou seu primeiro projeto, Order Chaos Order, explorando uma sonoridade mais experimental. Michael Clifford estreou com Sidequest, também seu primeiro projeto solo. Com tudo isso no ar e cada um tendo vivido seu próprio processo criativo, a banda finalmente se sentiu pronta para entrar em uma nova fase. Foi assim que nasceu EVERYONE’S A STAR!, lançado no último dia 14 de novembro.
A banda anunciou que havia assinado com a Republic Records, selo da Universal Music, e pouco tempo depois começou a soltar algumas frases misteriosas nas redes sociais. Mais tarde, descobrimos que todas elas faziam parte das letras das músicas do novo projeto.
5SOS ARE BREAKING UP?
YOUR #1 OBSESSION
BITE THE APPLE BABY
5 SECONDS OF SUMMER IS NOT OK
Com o lançamento do novo single, vieram também o nome do álbum, a data de estreia, a capa e a confirmação do novo visual da banda. As músicas mostram um estilo diferente do que o grupo já tinha explorado, com um alt pop rock que lembra bandas como Fontaines D.C. Essa mudança pegou a fanbase de surpresa, mas foi bem recebida.
“Todos temos projetos solos, então nós todos somos estrelas, assim como a fanbase, que também é cheia de estrelas. É sobre se divertir e todo mundo querer brilhar cada vez mais. Todo mundo quer ser o maior e o mais brilhante na música.” – 5SOS em entrevista a Zane Lowe
Para divulgar e comemorar o lançamento do primeiro single, a banda fez um show gratuito em Los Angeles. A entrada do público era marcada por uma limusine rosa, o palco era redondo com uma estrela no centro e camisetas rosas foram distribuídas para todos os fãs presentes. Eles também apresentaram outras músicas do álbum ao vivo pela primeira vez. O show foi transmitido no TikTok, permitindo que fãs do mundo todo acompanhassem o momento.
O que deixou tudo ainda mais legal foi a ligação direta entre o clipe de “NOT OK” e o show. No vídeo, a banda passa boa parte do tempo dentro de uma limusine rosa rodando por Los Angeles, exatamente o mesmo elemento usado na entrada do evento, criando uma conexão visual divertida e coerente com a nova era.
Para ampliar o alcance do projeto, várias contas foram criadas pela equipe da banda no TikTok, Instagram e X. O perfil The Daily Sauce funciona como uma sátira de um veículo de notícias, cobrindo a banda com humor e posts caóticos. Já o yourfavoriteboybandhq foi criado para divulgar o trabalho do grupo de forma direta, reunindo trechos de entrevistas, bastidores e conteúdos oficiais.
A banda também trouxe com força o conceito de boyband para essa estética. Além do visual mais exagerado e colorido, eles gravaram vídeos dublando músicas de boybands famosas, brincando com a própria imagem e reforçando o clima divertido dessa fase. Essa autoironia ajudou a aproximar ainda mais o público, mostrando que eles sabem brincar com esse universo enquanto experimentam novos caminhos.
Para deixar tudo ainda mais caótico e reforçar essa essência de celebridade exagerada, a banda voou para Sydney, na Austrália, cidade natal dos membros, e realizou um evento falso de celebração. Eles montaram uma calçada da fama com a marca das mãos de cada integrante, tudo pensado para divulgar a nova era. A ação contou com fanfarra, imprensa e uma multidão de fãs esperando como se fosse uma verdadeira cerimônia oficial, o que deixou tudo ainda mais divertido e extravagante.
Já em Londres, a banda preparou um palco montado dentro de uma caixa gigante, como se eles fossem bonecos sendo “expostos”. Para chegar até o palco, cada integrante precisou entrar em caixas de instrumentos, reforçando ainda mais a estética divertida e teatral dessa era. A ideia deixou tudo mais leve, caótico e brincalhão, ampliando o conceito de que essa fase é sobre exagero, humor e liberdade criativa.
Depois de limusines rosas, calçadas da fama falsas e palcos em caixas gigantes, chega o momento de entrar na parte mais importante dessa história: as músicas. Em EVERYONE’S A STAR, cada faixa é uma peça desse quebra-cabeça maximalista. Vamos mergulhar no álbum, faixa por faixa.
EVERYONE’S A STAR!
A faixa que leva o nome do projeto foi escolhida pela banda por acharem a melhor do projeto: “Pensamos: talvez seja bom começar com uma ótima e ir piorando aos poucos ao longo do álbum” – Luke para a Official Charts.
Livin’ in the glitter, baby, I don’t feel a thing
Everythin’ is better when I don’t know what it means
Eating gum for dinner and I’m smilin’ through my teeth (Smilin’ through my teeth)
Everythin’ is better when you’re lyin’ next to me
Everyone’s a star (Star)
Baby, it’s a dream (Hey)
Show me who you are
“Nós fomos para Nashville por algumas semanas com algumas pessoas com quem a gente ama escrever, e esse processo era algo que nunca tínhamos feito antes. Foi lá que meio que esbarramos em uma música chamada “Everyone’s A Star!”. Ela acabou resumindo tudo o que sentíamos sobre a comunidade que criamos na nossa fanbase e também sobre as diferentes versões de nós mesmos que vivemos ao longo desses 15 anos de banda.
Nós fomos a um show do AC/DC, e eles têm tantas músicas incríveis com frases marcantes, daquelas que você realmente se apega. “Everyone’s A Star!” foi uma dessas frases que pegamos como base para construir todo um mundo em volta dela”. – Calum para a Billboard.
NOT OK
A música escolhida como o primeiro single traz um pouco da energia antiga do 5 Seconds of Summer, mas com uma pegada nova que representa bem essa era. A banda explica que a música fala sobre liberar o lado mais sombrio de si mesmo e aceitar isso. Eles dizem que a faixa também é um aceno para a própria dinâmica do grupo, já que um sempre desperta diferentes lados do outro. É uma mistura de vulnerabilidade e liberdade que conversa diretamente com o momento atual da banda.
Ao falar da letra, eles comentam que a música nasce dessa ideia de enfrentar sentimentos ruins junto de alguém. Falam sobre querer que as pessoas se sintam livres e sobre precisar de um amigo quando tudo parece desandar. Luke contou que imaginou a si mesmo bêbado voltando de Uber para casa, pensando nas bobagens que a gente fala quando exagera na bebida.
I like the darker side of me, that part of me
Comes out to play when I’m with you, you
Telephone Busy
A terceira faixa, que também saiu como o terceiro single do projeto, nasceu de um momento totalmente espontâneo. Durante a temporada em Nashville, a banda passou dias escrevendo em vários estúdios montados pela casa, testando ideias com amigos e buscando novas formas de criar. Enquanto todos trabalhavam no estúdio principal, Ashton decidiu montar um espaço improvisado na parte da casa onde dormiam: duas caixinhas de som, portas abertas e um clima leve, perto do bar.
Ele ficou lá por cerca de dez horas, mergulhado na própria vibe, e quando os outros voltaram, “Telephone Busy” já estava praticamente pronta. A reação foi imediata: “Isso é a coisa mais incrível que eu já ouvi.”
World is spinning, I’m not dizzy
Call you, but your telephone busy (Woo)
I been thinking, do you miss me?
Does my memory make you wanna kiss me?
Boyband
A quarta faixa do álbum fala sobre algo que acompanha o 5SOS desde o começo: serem chamados de boyband. Por muito tempo, isso soava como uma forma de diminuir o trabalho deles, especialmente quando ainda estavam entendendo quem eram como artistas. Com os anos, esse nome começou a pesar, mas agora eles decidiram virar o jogo e usar isso a favor deles.
A música nasceu de um pensamento mais interno sobre querer atenção e saber como é ter isso ou não. Depois, eles juntaram a ideia de boyband e tudo ficou mais leve, com aquela ironia que já é marca do 5SOS. No fim, a faixa mostra que eles podem ser o que quiserem. Se chamarem de boyband, tudo bem. Se for pra ser, eles querem ser a melhor.
Boy in a boyband, imaginary boyfriend
Irritates the metal heads, it’s your favourite (Boyband)
No. 1 Obsession
Essa foi a música que deu início a tudo. Foi a primeira faixa escrita para o álbum e acabou puxando as outras, como um efeito dominó. A frase “make me your number one obsession” era tão boa que virou uma espécie de guia para o restante do projeto, quase como uma estrela que mostrou o caminho para as outras músicas. Eles brincam que a faixa “arrebenta” e que, mesmo não sendo single, tem tanta força que pode acabar virando um por conta própria.
Take me to heaven, kill the depression
Make me your number one obsession
Take me to heaven, kill the depression
Make me your number one obsession
I’m Scared I’ll Never Sleep
Os meninos comentaram que a sensibilidade do Calum aparece de um jeito muito claro nessa faixa, especialmente pela parte falada. Eles disseram que isso traz um clima diferente e novo para o 5 Seconds of Summer. Normalmente, o Calum canta de um jeito mais brilhante e animado, mas aqui ele soa mais pensativo e reflexivo. Para eles, a música finalmente mostra todo o lado sensível do álbum, e é uma faixa realmente bonita.
Pink tears falling tonight
Through the red blush on the other side
I was thinkin’ this would never end
Now I’m screamin’ through a nightmare
istillfeelthesame
Uma das faixas favoritas do Calum. Ele até brincou dizendo que isso podia ser escrito em qualquer lugar, porque realmente acredita no potencial da música. Para ele, essa pode até virar tendência no TikTok. Calum descreve a faixa como uma espécie de balada moderna do 5SOS, diferente das poucas baladas mais tradicionais que a banda já fez. Ele sente que as letras se sustentam sozinhas, com um clima meio escuro, mas também um pouco sensual, o que deixa a música ainda mais marcante.
I still feel the same
Your heart’s beating different
Show me nothing’s changed
Kiss me like you mean it
I felt you slip away
Talkin’ in your sleep and
I mean it when I say
I still feel the same
Ghost
Uma das músicas mais pessoais do álbum, especialmente para o Luke. O Calum contou que essa faixa é praticamente o coração dele colocado ali, algo muito íntimo que ele dividiu com a banda. Por isso, todos tiveram muito cuidado durante o processo, já que é um momento emocional e verdadeiro. Mesmo sendo uma música diferente das outras, ela ficou no álbum por causa das imagens fortes das letras e da sonoridade marcante.
O final da música é um dos pontos preferidos do Calum, que até disse que sonha em tocar essa faixa ao vivo, mas para isso precisa que a galera escute bastante.
I don’t want to go to sleep
‘Cause I’m afraid of what I’ll see
I can’t look you in the eyes
‘Cause I’m afraid it looks like me
Sick of Myself
Para Michael essa é uma faixa importante desde o início. Ele contou que as guitarras foram colocadas uma em cada lado, daquele jeito bem clássico que lembra bandas antigas, e que eles decidiram manter várias gravações cheias de erros e imperfeições feitas no primeiro take. A ideia era deixar tudo cru e honesto, sem polir demais, mostrando exatamente como a banda soava no momento. Para eles, essa sinceridade era essencial para a música existir dentro do álbum.
I’m so goddamn sick of myself
Wish I could walk a mile out of my shoes
Of a man, of a man, I was a shell
Till there was you
Evolve
O Calum contou que, quando chegou ao estúdio, o Ashton e o Jason Evigan já tinham montado a base da música, com o baixo, a bateria, boa parte da letra e a produção quase pronta. Ele saiu de lá pensando no quanto tudo tinha sido divertido. A faixa virou uma das favoritas dele por causa da mensagem: falar de um jeito leve e direto com a fanbase, que é majoritariamente feminina, sobre como homens costumam demorar mais para amadurecer.
A música ainda inclui um trecho de uma fala científica explicando isso, deixando tudo mais engraçado e inesperado.
During development, girls brains tend to mature about one to two years earlier than boys’
This may be due to earlier myelination which can occur two to three years sooner in girls
As a result, it is considered that girls are more ready to learn earlier than boys
The Rocks
Uma das músicas mais diferentes de fazer e, para o Ashton, uma das mais especiais do álbum. Ele contou que a banda voltou a trabalhar com Jake Sinclair, o mesmo parceiro de “She Looks So Perfect”, porque eles queriam explorar novamente um som mais rock. A faixa começou de um jeito bem cru: eles gravaram tudo em uma máquina de 8 canais, o que deixou o primeiro demo super simples e até assustador de tão bruto. A bateria nasceu primeiro na cabeça do Ashton, depois vieram o baixo, a guitarra, algumas camadas de voz e até um tamborim para completar os oito canais.
Mesmo com a incerteza inicial sobre como aquilo ia soar, a música ganhou vida depois de semanas de produção. Para o Ashton, “The Rocks” é uma das faixas mais emo do álbum e uma das que mais mexem com ele. Ele disse que sempre desejou que o 5SOS tivesse uma música assim e ficou muito feliz que ela acabou entrando no projeto.
I can tell you’re lost, I can see you’re reelin’
Drownin’ in a flood of a thousand feelings
I’ll tell you I’m lost, in the world I know
Throw myself onto the rocks
To make you feel less alone, less alone, less alone
Jawbreaker
“Jawbreaker” encerra o álbum com a energia perfeita para a era. A faixa combina com toda a estética e o clima dessa fase do 5SOS, trazendo algo forte, marcante e divertido.
Até o nome faz sentido dentro do projeto, já que resume bem o exagero e o espírito caótico que a banda quis abraçar. É um final que amarra o disco de um jeito intenso e deixa a sensação de que a era realmente tem uma identidade própria do começo ao fim.
Oh, my American jawbreaker
Somethin’ from my TV screen
Oh, my, my honey, you’re a heart shaker
Swingin’ from the mezzanine
Para completar essa era cheia de surpresas, o 5SOS anunciou edições físicas especiais do álbum, com CDs personalizados de cada integrante. Cada versão trazia uma faixa exclusiva que não está na edição padrão: “Start Over”, “Wishful Dreaming”, “Chest” e “I’ll Find You”. Por enquanto, essas músicas só apareceram na Apple Music, o que deixou os fãs ainda mais curiosos sobre quando chegarão às outras plataformas.Com um novo som, uma estética marcante e uma narrativa que abraça o caos divertido da fama, EVERYONE’S A STAR! mostra uma banda que, desde sua formação em 2011, continua evoluindo, testando limites e se reinventando. Se a ideia era fazer todo mundo brilhar, eles conseguiram e levaram a fanbase junto.
