Por Dentro Do Álbum

Por Dentro do Álbum: Cuts & Bruises – Inhaler

Entrando oficialmente em uma nova era, a banda Inhaler lança o seu segundo álbum e nós vamos navegar entre as 11 faixas repletas de ambições e relatos sobre amores presentes e passados.

O título do álbum “Cuts & Bruises”, traduzido literalmente como “Cortes e Machucados”, se refere a um conceito mais realista, contrário do primeiro disco que trazia um ar otimista e sonhador.

Capa do álbum “Cuts & Bruises”

Robert Keating, baixista, contou para o We In The Crowd que esse é um álbum mais pessoal para todos eles e que o título simboliza as “pancadas” que levamos no meio do caminho. Você pode conferir a entrevista completa aqui.

Com clara influência de The Strokes e Bruce Springsteen, o segundo disco da banda soa mais real, com uma produção mais ao vivo. As músicas trazem composições sinceras que reúnem momentos diferentes sobre relacionamentos. Josh Jenkinson, guitarrista, se destaca ao longo de todo o álbum nos instrumentais contagiantes.

“Just To Keep You Satisfied” abre o álbum como uma introdução perfeita: não há pressa alguma em apresentar um som intenso enquanto Elijah Hewson, vocalista, canta sobre uma relação onde ambos estão deixando as coisas fluírem naturalmente e desfrutando do momento. O sentimento de um dia de manhã e o primeiro dia da semana chega no sentido de estar começando tudo de novo, no seu tempo:

“Later in the summer, I sit beside the sea / I’m looking at your picture and it’s looking back at me”
“Mais tarde no verão, eu sento ao lado do mar / Eu estou olhando para a sua imagem e ela está olhando de volta para mim”

A calmaria se dissipa e a agitação sonora vai crescendo já na segunda faixa “Love Will Get You There”, que foi um dos pre-singles do álbum, lançado em 2022; Aqui já há uma maior inquietação, sobre o principal sentir esse desejo que não sai da sua cabeça.

Para a Apple Music, Elijah conta que não havia um refrão e por pouco não entrou no álbum. Mas que quando conseguiram criar um, veio todo o ritmo sonoro de soul que era algo novo pra eles e os deu uma direção, como um sinal de que estavam indo no caminho certo.

Em “So Far So Good”, ele fala sobre um relacionamento onde a pessoa está o mais perto possível mas ainda assim está longe de estar próxima. É uma relação boa mas onde ele não consegue formular mentalmente o que realmente está acontecendo, como se tivesse anestesiado. Há um leve medo de que tudo vá desmoronar a qualquer momento; A demo foi feita pelo próprio Elijah, que mais tarde mostrou pros seus colegas de banda. Foi a última música a ser escrita e, provavelmente, a mais espontânea. A bateria, por Ryan McMahon, tem uma presença significante nessa e une os instrumentos em uma harmonia perfeita.

“These Are The Days”, o single que foi o primeiro gostinho do que estava por vir. A batida uptempo e a letra sobre se divertir mostra o lado positivo do álbum, afinal “esses são os dias” e o importante é viver; A frase “Bandit’s in charge of the silver machine” é uma referência ao empresário da banda, Gary, que é conhecido no Twitter pelo username @istanbandit.

Diminuindo um pouco o ritmo, a balada “If You’re Gonna Break My Heart” é basicamente sobre se render em uma relação fadada ao fracasso. O brilho está se apagando, mas ele não foge desse sentimento melancólico:

“Se você vai quebrar meu coração, o esmague em pedaços /
Porque eu não irei precisar dele, assim como eu preciso agora”

Em “Perfect Storm”, a melodia segue fluindo muito bem, como uma reintrodução às faixas animadas. É um ponto forte no álbum, sendo possível perceber uma maturidade maior. Há uma metáfora sobre mergulhar nas ondas da tempestade perfeita da relação, descrevendo a fase fria, como um purgatório: um estado entre o bom e o final.

“So why are we trying to kill something that’s been so good? / I can’t explain it now”
“Então, por que estamos tentando matar algo que tem sido tão bom? / Eu não consigo explicar isso”

“Dublin In Ecstasy” é uma faixa que já era cantada pelo grupo em 2019 em shows, mas não entrou no primeiro álbum. Desde então, foi muito pedida pelos fãs e esse foi um dos principais motivos pelo qual eles a reviveram.

É possível sentir um gostinho do debut, “It Won’t Always Be Like This”, mas os novos toques na música fazem com que a antiga faixa se encaixe perfeitamente na tracklist do segundo álbum. Essa provavelmente é a música com maior energia e, em um som de new wave, fala sobre altos pontos em uma fase passada de um relacionamento onde eles apenas curtiam sem se pensar muito sobre a vida.

“When I Have Her On My Mind” segue uma estrutura de narração. Elijah relembra a história de um amor que não foi superado. Ele tem um bom relacionamento atual, mas está parcialmente grato que todos os sinais dessa pessoa não o levam a nenhum lugar, já que a ex não sai de sua cabeça. O som tem grande influência dos Deftones.

A mid-tempo “Valentine” traz um violão acústico e se diferencia um pouco das outras 10 faixas. É sobre estar em um relacionamento onde a outra pessoa parece trazer perigo quando as coisas vão a sério, mas ele decide entrar com tudo nessa jornada de qualquer maneira. E curiosidade: foi escrita no Dia dos Namorados (Valentine’s Day).

“The Things I Do” entra em outra parte do relacionamento. Existe um sentimento dramático onde fala sobre ainda sentir um gosto amargo na boca, se referindo à uma angústia enquanto segue preso com a pessoa que acredita que devam continuar mas ele não consegue ver o final disso. Ele afirma que vai levar o amargedom — ou seja, a batalha final — para o túmulo caso não consigam consertar o amor dos dois. Chega a um ponto onde ele não vê porque continua fazendo o que faz, mas que sabe que a pessoa está com ele para alimentar o próprio ego, e não porque deseja estar com a pessoa que ele é.

Assim como a penúltima, “Now You Got Me” continua a sonoridade de transição para o encerramento do álbum. Em uma sessão, Robert brincou com um riff que instigou eles e em uma hora e meia, estava finalizada.

O álbum fecha perfeitamente o tópico de altos e baixos de relacionamentos e as sensações de viver quando ainda se é jovem. “Cuts & Bruises” mostra o potencial que Inhaler tem de crescer e se tornar uma das maiores bandas do cenário.

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